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domingo, 26 de março de 2017

Oração ao Menino Jesus de Araceli



Amantíssimo Senhor Jesus Cristo que feito por nós Menino, quiseste nascer em uma gruta para livrar-nos das trevas do pecado, para atrair-nos a Ti e inflamar-nos das trevas do pecado, para atrai-nos a Ti e inflamar-nos em Teu santo amor, adoramos-Te como nosso Criador e Redentor, reconhecermos-Te e queremos como nosso Rei e Senhor, e como homenagem oferecemos-Te todos os afetos de nosso pobre coração. Amado Jesus, nosso Senhor e Deus, digna-Te aceitar esta oferta,e, a fim de que seja signa e agradável a Ti, perdoa-nos das culpas, nos ilumina e inflama com aquele Santo Fogo que vieste trazer ao Mundo para acendê-lo em nossos corações. Seja deste modo a nossa alma um altar, para oferecer-Te sobre ele o sacrifício de nossas mortificações. Faze que ela procure sempre Tua maior glória aqui na terra, a fim que chegue um dia a gozar a Tua infinita beleza no Céu. Amém

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Consagração ao Imaculado Coração de Maria

Ressuscitamos! Sim, vida nova a este blog, que a muito estava parado. Devido a meus afazeres, e mais que isso uma incrível falta de inspiração para postar nesse espaço, reservado ao nosso apostolado online, resolvi voltar a postar. E começando consagrando este espaço ao Imaculado Coração de Maria, para que ela como nossa Suserana e amável mãe possa nos proteger e dar forças nesseárenhido combate contra as hostes Inimigas. Hoje a Igreja celebra Nossa Senhora Mãe e Rainha no calendário novo e no calendário antigo, ainda me voga na Forma Extraordinária, O Imaculado Coração da Virgem Maria.
Oh! Rainha do Santíssimo Rosário, auxilio dos cristãos, refugio do gênero humano, vencedora de todas as batalhas de Deus!
Ante vosso Trono nos prostramos suplicantes, seguros de impetrar misericórdia e de alcançar graça e oportuno auxilio e defesa nas presentes calamidades, não por nossos méritos, mas sim unicamente pela imensa bondade de vosso maternal Coração.
Nesta hora trágica da história humana, a Vós, a vosso Imaculado Coração, nos entregamos e nos consagramos, não apenas em união com a Santa Igreja, corpo místico de vosso Filho Jesus, que sofre e sangra em tantas partes e de tantos modos atribulada, mas sim também com todo o mundo dilacerado por atrozes discórdias, abrasado em um incêndio de ódio, vítima de suas próprias iniqüidades.
Que vos comovam tantas ruínas materiais e morais, tantas dores, tantas angustias de pais e mães, de esposos, de irmãos, de crianças inocentes;
Tantas vidas cortadas em flor, tantos corpos despedaçados na horrenda carnificina, tantas almas torturadas e agonizantes, tantas em perigo de perderem-se eternamente.
Vós, Oh! Mãe de misericórdia, consegui-nos de Deus a paz; e, ante tudo, as graças que podem converter-se em um momento os humanos corações, as graças que reparam, conciliam e asseguram a paz.
Rainha da paz, rogai por nós e dai ao mundo em guerra a paz por quem suspiram os povos, a paz na verdade, na justiça, na caridade de Cristo.
Dai a paz das armas e a paz das almas, para que na tranqüilidade da ordem se dilate o reino de Deus.
Concedei vossa proteção aos infiéis e a quantos jazem ainda nas sombras da morte; concedeis a paz e fazei que brilhe para eles o sol da verdade e possam repetir com nós ante o único Salvador do mundo: glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.
Dai a paz aos povos separados pelo erro ou a discórdia, especialmente a aqueles que vos professam singular devoção e nos quais não havia casa onde não se achasse honrada vossa venerada imagem (hoje quiçá oculta e retirada para melhores tempos), e fazei que retornem ao único redil de Cristo sob o único verdadeiro Pastor.
Obtende paz e liberdade completa para a Igreja Santa de Deus; contei o dilúvio inundante do neopaganismo, fomentai nos fiéis o amor à pureza, a prática da vida cristã e do zelo apostólico, a fim de que aumente em méritos e em número o povo dos que servem a Deus.
Finalmente, assim como foram consagrados ao Coração de vosso Filho Jesus a Igreja e todo o gênero humano, para que, postas nele todas as esperanças, fosse para eles sinal e prenda de vitória e de salvação;
De igual maneira, Oh! Mãe nossa e Rainha do Mundo, também nos consagramos para sempre a Vós, a vosso Imaculado Coração, para que vosso amor e patrocínio acelerem o triunfo do Reino de Deus, e todas as gentes, pacificadas entre si e com Deus, Vos proclamem bem-aventurada e entoem convosco, de um extremo a outro da terra, o eterno Magníficat de glória , de amor, de reconhecimento ao Coração de Jesus, no qual apenas se podem achar a Verdade, a Vida e a Paz. (Venerável Papa Pio XII)

quinta-feira, 20 de março de 2014

São José e o amor da vida escondida

Retirado do site:https://padrepauloricardo.org/blog/sao-jose-e-o-amor-da-vida-escondida?utm_content=buffer95791&utm_medium=social&utm_source=facebook.com&utm_campaign=buffer
O quanto fala alto o silêncio da vida de São José, escondida aos olhos dos homens, mas resplandecente diante de Deus
Pouco diz a Sagrada Escritura sobre a vida do pai nutrício de Jesus, São José, cuja solenidade é celebrada hoje pela Igreja universal. Ela limita-se a citar a sua genealogia [1], o fato de que era "justo" [2], o sonho no qual recebeu a visita de um anjo [3], a sua profissão [4] e a paternidade que ele verdadeiramente exerceu junto de Jesus [5]. Nada mais. E, se isso pode levar algumas pessoas a desprezar o valor e a virtude desse grande santo, é porque não consideraram o quanto fala alto o silêncio de uma vida oculta aos olhos dos homens, mas resplandecente diante de Deus.

É importante considerar, em primeiro lugar, a grandeza dos bens que Deus colocou nas mãos de São José, para apreciar com justeza o valor de seu escondimento. A providência quis que esse homem fosse depositário fiel da virgindade perpétua de Maria Santíssima, sua esposa; do menino Jesus, o próprio Deus feito homem; e – não fossem os dois o bastante – do segredo da encarnação do Verbo. Uma vida toda passada ao lado de Jesus e Maria e tão poucas palavras ditas a seu respeito, nenhuma palavra saída de sua boca... Como isso é possível?

O beato João Paulo II tem uma frase que se adequa de modo preciso ao silêncio de José: "O bem não faz ruído, a força do amor expressa-se na discrição tranquila do serviço quotidiano" [6]. Na mesma lógica, o grande orador francês, padre Jacques Bossuet, diz "que se pode ser grande sem esplendor, bem-aventurado sem ruído; que se pode ter a verdadeira glória sem o socorro da fama, com o único testemunho de sua consciência" [7]. De fato, escreve o Apóstolo: " Gloria nostra haec est, testimonium conscientiae nostrae – A razão da nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência..." [8].

A virtude que teve São José, desprezando as glórias humanas e escolhendo como única testemunha a palavra de Deus talhada em sua consciência, deve animar-nos a fazer o mesmo: ter em pouco caso o parecer das pessoas, para receber unicamente de Deus, "que vê o escondido" [9], a recompensa. " Que os homens jamais falem de nós, contanto que Jesus Cristo fale um dia" [10].

Olhando ainda para o silêncio de São José, alguém poderia perguntar se não seria errado manter obscuro um tesouro tão precioso como Jesus, sem nada dizer sobre ele. Bossuet faz notar, com razão, uma aparente oposição entre a missão confiada aos Apóstolos e a missão confiada a José: Jesus "é revelado aos apóstolos para ser anunciado em todo o universo; é revelado a José para calar e ocultá-lo" [11]. Novamente, como isso é possível? O mesmo padre Bossuet explica essa diferença:

"Será Deus contrário a si próprio nessas vocações opostas? Não, fiéis; não credes: toda essa disparidade tem por fim ensinar aos filhos de Deus esta verdade importante, que toda a perfeição cristã está na obediência. Aquele que glorifica os apóstolos pela honra da pregação, glorifica também São José pela humildade do silêncio. Aprendemos por aí que a glória dos cristãos brilhantes não está nos empregos, e sim em fazer a vontade de Deus. Se todos não podem ter a honra de pregar Jesus Cristo, todos podem ter a honra de obedecer-lhe, e esta é a glória de São José e a grande honra do cristianismo." [12]
"Se todos não podem ter a honra de pregar Jesus Cristo, todos podem ter a honra de obedecer-lhe". Se nem todos podem ter a honra de atravessar terras e mares para anunciar o Evangelho aos quatro cantos do mundo, se nem todos receberão de Deus a coroa do martírio, todas as pessoas, sem exceção, podem obedecer a Deus e amá-Lo sobre todas as coisas: "ainda que, na Igreja, nem todos sigam pelo mesmo caminho, todos são, contudo, chamados à santidade" [13].

A santidade no escondimento é possível: eis a grande lição de São José. Como ensinou Paulo VI, ele "é a prova de que para ser bons e autênticos seguidores de Cristo não se necessitam ‘grandes coisas’, mas requerem-se somente virtudes comuns, humanas, simples e autênticas". [14]

Glorioso São José, rogai por nós!

Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Referência

Mt 1, 16
Mt 1, 19
Mt 1, 18-24
Mt 13, 55
Lc 2, 41-51; 3, 23
Homilia em visita ao Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, 15 de agosto de 2004, n. 4
Jacques Benigne Bossuet. Panegírico de São José. 1659. In: Panegíricos. Trad. Pe. Clementino Contente. 1. ed. Rio de Janeiro: Castela, 2013. 500p.
2 Cor 1, 12
Mt 6, 4
Jacques Benigne Bossuet. Panegírico de São José. 1659. In: Panegíricos. Trad. Pe. Clementino Contente. 1. ed. Rio de Janeiro: Castela, 2013. 500p.
Ibidem
Ibidem
Concílio Vaticano II, Constituição dogmática Lumen Gentium, 21 de novembro de 1964, n. 32
Omelia nella Solennità di San Giuseppe, 19 marzo 1969

segunda-feira, 17 de março de 2014

Reflexão II Domingo da Quaresma

Comentário do Pe. Antonio Rivero, L.C. sobre a liturgia dominical

Por Pe. Antonio Rivero, L.C.

SãO PAULO, 12 de Março de 2014 (Zenit.org) - Ciclo A

Textos: Gênesis 12, 1-4; 2 Timóteo 1, 8-10; Mateus 17, 1-9

Tema: A fé é necessária para compreender os mistérios de Deus.

Ideia principal: pedagogia da fé, ou seja, o modo pelo qual Deus nos comunica seus mistérios durante nossa peregrinação terrena.

Resumo da mensagem: nessa Quaresma, Cristo nos convida a subir com Ele ao monte Tabor, onde nos revelará sua glória e beleza, e nos dará ânimo antes de empreender a subida do Calvário (evangelho). Só através da fé podemos descobrir, sem nos escandalizar, a divindade de Jesus através de sua humanidade sofredora (segunda leitura). Ao modo como também Moisés, só graças à fé, confiou em Deus, deixou sua terra cômoda e fértil para que Deus lhe comunicasse seus mistérios e seu plano (primeira leitura).

Pontos da ideia principal:

Em primeiro lugar, a quaresma é um convite de Deus para deixar, como Abraão, nosso “modus vivendi” tranquilo, cómodo e sossegado, para empreender o caminho guiados pela luz da fé e para subir o monte santo da Páscoa, passando, porém, pela dolorosa senda da cruz de Cristo. A luz da fé é suficientemente clara para nos guiar pelo caminho reto traçado por Jesus para chegar à vida eterna. É, além disso, suficientemente escura para que tenhamos mérito no crer, para que possamos colocar livremente nossa confiança em sua palavra, ainda que o que Deus nos pede seja humanamente incompreensível.

Em segundo lugar, só a partir da fé terei nesse domingo um encontro místico com Cristo no Tabor, onde Ele se revelará a mim em todo seu esplendor e encanto, como o experimentaram seus discípulos íntimos: Pedro, Tiago e João. Vejamos a cena: uma montanha e uma noite, luz e ruído, três espectadores, dois atores e um protagonista, Jesus. Argumento da obra: a Divindade. Título da obra: Jesus é Deus. Dá-se o desfecho. Também Inácio de Loyola fez esta experiência: “Muitas vezes e por muito tempo, estando em oração, ele via com os olhos interiores a humanidade de Cristo e a figura que lhe aparecia era como corpo branco” (Autobiografia III,29), “como sol” (ib. XI,99). “Se não houvesse Escritura que nos ensinasse estas coisas da fé, ele –Inácio- se determinaria a morrer por elas, somente pelo que ele viu” (ib.).

Finalmente, necessitamos deste encontro místico com Cristo, como Pedro, Tiago, João, Inácio de Loyola, Teresa de Jesus, Teresa de Calcutá. Mas a partir da fé, certamente. Moisés necessitou da fé para guiar o povo do Egito até a Palestina durante quarenta anos de desastres, batalhas, crises religiosas, castigos de Deus, fidelidades de Deus... Inácio precisou da fé para fundar a Companhia de Jesus apesar dos ventos e tormentas dos príncipes, teólogos e Papas. Necessitaram da fé estes três apóstolos que, dentro de alguns meses, entrariam com Jesus no Getsêmani e se escandalizariam dele, deixando-o sozinho. Só depois da ressurreição renovaram esta fé em Cristo-Deus que brilhou no Tabor. Eu necessito deste encontro místico para não deformar a religião, buscando substitutos da fé.

Para refletir: como está minha fé em Cristo? Minha fé continua firme também quando vê Jesus ultrajado e pendurado na cruz? Os silêncios de Deus me assustam? Sobe à mística da oração, não fiques na planície. Depois desce à planície cheio do esplendor místico de Cristo, feito caridade e ternura, como o Papa Francisco gosta de dizer.

domingo, 9 de março de 2014

“Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães!”(Mt 4,3)


Primeiro domingo da Quaresma
Mt 4,1-11
Naquele tempo, 1o Espírito conduziu Jesus ao deserto, para ser tentado pelo diabo.2Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites, e, depois disso, teve fome. 3Então, o tentador aproximou-se e disse a Jesus: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães!” 4Mas Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus’”.
5Então o diabo levou Jesus à Cidade Santa, colocou-o sobre a parte mais alta do Templo, 6e lhe disse: “Se és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo! Porque está escrito: ‘Deus dará ordens aos seus anjos a teu respeito, e eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’”. 7Jesus lhe respondeu: “Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus!’”
8Novamente, o diabo levou Jesus para um monte muito alto. Mostrou-lhe todos os reinos do mundo e sua glória, 9e lhe disse: “Eu te darei tudo isso, se te ajoelhares diante de mim, para me adorar”. 10Jesus lhe disse: “Vai-te embora, Satanás, porque está escrito: ‘Adorarás ao Senhor, teu Deus, e somente a ele prestarás culto’”.11Então o diabo o deixou. E os anjos se aproximaram e serviram a Jesus.

No primeiro domingo da quaresma somos convidados a refletir sobre as tentações de Jesus. Jesus sai de sua casa, de seu convívio familiar e vai fazer um grande retiro na oração e no jejum, em preparação para o seu ministério pastoral. Vai para o deserto e lá passa 40 dias. O número 40 tem um simbolismo fantástico para o povo judaico, lembram os 40 anos da trajetória do povo hebreu pelo deserto depois da fuga do Egito, lembram os 40 dias e 40 noites do dilúvio, e tantos outros acontecimentos marcantes na historia do povo hebreu. Os santos padres viram nesse numero um numero cósmico, são 4 os cantos do mundo e são 10 os mandamentos de Deus, entenderam nesse numero o número da historia da humanidade (Cf. Bento XVI, Papa,-Jesus de Nazaré : primeira parte : do batismo no Jordão à transfiguração, pag. 42). Jesus Cristo vem ao mundo com a missão de redimir o gênero humano, Ele prova todas as angustias do homem, exceto o pecado, se faz pequeno para nos salvar. Ele toma sobre seus ombros toda a historia da humanidade. Ele desce ao homem caído para eleva-lo aos céus. Nosso Senhor neste período de retiro e oração contempla cada uma de nós para salvar-nos e dar-nos vida nova.
Depois de rezar e jejuar o Senhor é tentado, até ele homem-Deus não foi poupado dos assédios de satanás. Jesus é livre não é um robô nas mãos do Pai, mais sua vontade única é fazer a vontade de quem o enviou, ele sendo homem tinha liberdade para ser levado pelo assedio do antigo inimigo. E o demônio sabia que ele estava com fome, ele era também humano viveu em tudo a condição humana, menos no pecado. “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães!” . A priori vemos que ele ataca na fome física de Jesus, porém ele vai bem mais fundo que isso. A fome é uma das maiores desgraças a humanidade. A quem não comove ver as multidões de famintos, o que poderíamos esperar de um Deus todo amoroso e misericordioso se não acabar com a fome no mundo? E esse sempre foi o dilema do cristianismo, Deus não mudou essa situação, ele não transformou as pedras dos desertos, não encheu o prato dos famintos, não deu uma prova cabal de sua existência. Esse discurso nem de longe foi o de Jesus, não que Nosso Senhor não tenha se preocupado com nossa miséria, mais colocou tudo em seu lugar, buscai primeiro o reino de Deus e sua Justiça e tudo mais será acrescentando(Mt 6,33). Essa também é uma tentação nossa, de nos fazer salvadores da pátria, o marxismo, a teologia da libertação são provas claras disso, buscamos primeiro satisfazer a fome do povo e Deus é colocado em outro plano, isso gera toda a sorte de incompreensões e imposições ao homem, muitas vezes ferindo sua dignidade e liberdade e mudado a fé transcendente para um puro materialismo. Mais isso difere do mistério de Deus, difere do caminho que Ele propõe para a humanidade, Deus não se mostra com um rastro unanime de glória, temos que abrir nosso coração para a sua graça e a partir daí vermos a sua presença até na mais singela criatura.
Deus nos convida nesta quaresma a percorrer esse caminho: Buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça. Pois tudo vem a partir disso, toda forma autentica e durável de caridade, que proporciona o pão para todos vem desse sentimento de gratuidade que brota do coração dos que amam a Deus.

sábado, 8 de março de 2014

Sermão da Quarta-feira de Cinzas - Pe. Antonio Vieira (Dicas para viver bem a Quaresma)

Extratos do Sermão da quarta-feira de Cinzas do Pe. Antonio Vieira, um dos maiores pregadores de nossa Terra de Santa Cruz.

Em Roma, na Igreja de S. António dos Portugueses, Ano de 1670.


Memento homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris (1).

(1) Lembra-te homem, que és pó, e em pó te hás de converter.

I. O pó futuro, em que nos havemos de converter, é visível à vista, mas o pó presente, o pó que somos, como poderemos entender essa verdade? A resposta a essa dúvida será a matéria do presente discurso.

Duas coisas prega hoje a Igreja a todos os mortais, ambas grandes, ambas tristes, ambas temerosas, ambas certas. Mas uma de tal maneira certa e evidente, que não é necessário entendimento para crer: outra de tal maneira certa e dificultosa, que nenhum entendimento basta para a alcançar.

Uma é presente, outra futura, mas a futura vêem na os olhos, a presente não a alcança o entendimento.

E que duas coisas enigmáticas são estas?

Pulvis es, tu in pulverem reverteris: Sois pó, e em pó vos haveis de converter.

— Sois pó, é a presente; em pó vos haveis de converter, é a futura.

O pó futuro, o pó em que nos havemos de converter, vêem no os olhos; o pó presente, o pó que somos, nem os olhos o vêem, nem o entendimento o alcança.

Que me diga a Igreja que hei de ser pó: In pulverem reverteris, não é necessário fé nem entendimento para o crer.

Naquelas sepulturas, ou abertas ou cerradas, o estão vendo os olhos. Que dizem aquelas letras? Que cobrem aquelas pedras? As letras dizem pó, as pedras cobrem pó, e tudo o que ali há é o nada que havemos de ser: tudo pó.

Vamos, para maior exemplo e maior horror, a esses sepulcros recentes do Vaticano. Se perguntardes de quem são pó aquelas cinzas, responder vos ão os epitáfios, que só as distinguem: Aquele pó foi Urbano, aquele pó foi Inocêncio, aquele pó foi Alexandre, e este que ainda não está de todo desfeito, foi Clemente.

De sorte que para eu crer que hei de ser pó, não é necessário fé, nem entendimento, basta a vista.

Mas que me diga e me pregue hoje a mesma Igreja, regra da fé e da verdade, que não só hei de ser pó de futuro, senão que já sou pó de presente: Pulvis es?

Como o pode alcançar o entendimento, se os olhos estão vendo o contrário?

É possível que estes olhos que vêem, estes ouvidos que ouvem, esta língua que fala, estas mãos e estes braços que se movem, estes pés que andam e pisam, tudo isto, já hoje é pó: Pulvis es?

Argumento à Igreja com a mesma Igreja: Memento homo.

A Igreja diz me, e supõe que sou homem: logo não sou pó.

O homem é uma substância vivente, sensitiva, racional.

O pó vive? Não.

Pois como é pó o vivente?

O pó sente? Não.

Pois como é pó o sensitivo?

O pó entende e discorre? Não.

Pois como é pó o racional?

Enfim, se me concedem que sou homem: Memento homo, como me pregam que sou pó: Quia pulvis es?

Nenhuma coisa nos podia estar melhor que não ter resposta nem solução esta dúvida. Mas a resposta e a solução dela será a matéria do nosso discurso. [ ...]

[...]

Em que cuidamos, e em que não cuidamos?

Homens mortais, homens imortais, se todos os dias podemos morrer, se cada dia nos imos chegando mais à morte, e ela a nós, não se acabe com este dia a memória da morte.

Resolução, resolução uma vez, que sem resolução nada se faz.

E para que esta resolução dure e não seja como outras, tomemos cada dia uma hora em que cuidemos bem naquela hora.

De vinte e quatro horas que tem o dia, por que se não dará uma hora à triste alma?

(23) Disse: Agora começo (Sl 76,11). Esta é a melhor devoção e mais útil penitência, e mais agradável a Deus, que podeis fazer nesta quaresma.

Tomar uma hora cada dia, em que só por só com Deus e connosco cuidemos na nossa morte e na nossa vida.

E porque espero da vossa piedade e do vosso juízo que aceitareis este bom conselho, quero acabar deixando vos quatro pontos de consideração para os quatro quartos desta hora.

Primeiro: quanto tenho vivido?

Segundo: como vivi?

Terceiro: quanto posso viver?

Quarto: como é bem que viva?

Torno a dizer para que vos fique na memória: Quanto tenho vivido? Como vivi? Quanto posso viver? Como é bem que viva? Memento homo!

(Fonte: salvemaliturgia.com)

quinta-feira, 6 de março de 2014

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA A QUARESMA DE 2014


Fez-Se pobre, para nos enriquecer com a sua pobreza
(cf. 2 Cor 8, 9)



Queridos irmãos e irmãs!

Por ocasião da Quaresma, ofereço-vos algumas reflexões com a esperança de que possam servir para o caminho pessoal e comunitário de conversão. Como motivo inspirador tomei a seguinte frase de São Paulo: «Conheceis bem a bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, Se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza» (2 Cor 8, 9). O Apóstolo escreve aos cristãos de Corinto encorajando-os a serem generosos na ajuda aos fiéis de Jerusalém que passam necessidade. A nós, cristãos de hoje, que nos dizem estas palavras de São Paulo? Que nos diz, hoje, a nós, o convite à pobreza, a uma vida pobre em sentido evangélico?

A graça de Cristo

Tais palavras dizem-nos, antes de mais nada, qual é o estilo de Deus. Deus não Se revela através dos meios do poder e da riqueza do mundo, mas com os da fragilidade e da pobreza: «sendo rico, Se fez pobre por vós». Cristo, o Filho eterno de Deus, igual ao Pai em poder e glória, fez-Se pobre; desceu ao nosso meio, aproximou-Se de cada um de nós; despojou-Se, «esvaziou-Se», para Se tornar em tudo semelhante a nós (cf. Fil 2, 7; Heb 4, 15). A encarnação de Deus é um grande mistério. Mas, a razão de tudo isso é o amor divino: um amor que é graça, generosidade, desejo de proximidade, não hesitando em doar-Se e sacrificar-Se pelas suas amadas criaturas. A caridade, o amor é partilhar, em tudo, a sorte do amado. O amor torna semelhante, cria igualdade, abate os muros e as distâncias. Foi o que Deus fez connosco. Na realidade, Jesus «trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-Se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, excepto no pecado» (Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. Gaudium et spes, 22).

A finalidade de Jesus Se fazer pobre não foi a pobreza em si mesma, mas – como diz São Paulo – «para vos enriquecer com a sua pobreza». Não se trata dum jogo de palavras, duma frase sensacional. Pelo contrário, é uma síntese da lógica de Deus: a lógica do amor, a lógica da Encarnação e da Cruz. Deus não fez cair do alto a salvação sobre nós, como a esmola de quem dá parte do próprio supérfluo com piedade filantrópica. Não é assim o amor de Cristo! Quando Jesus desce às águas do Jordão e pede a João Baptista para O baptizar, não o faz porque tem necessidade de penitência, de conversão; mas fá-lo para se colocar no meio do povo necessitado de perdão, no meio de nós pecadores, e carregar sobre Si o peso dos nossos pecados. Este foi o caminho que Ele escolheu para nos consolar, salvar, libertar da nossa miséria. Faz impressão ouvir o Apóstolo dizer que fomos libertados, não por meio da riqueza de Cristo, mas por meio da sua pobreza. E todavia São Paulo conhece bem a «insondável riqueza de Cristo» (Ef 3, 8), «herdeiro de todas as coisas» (Heb 1, 2).

Em que consiste então esta pobreza com a qual Jesus nos liberta e torna ricos? É precisamente o seu modo de nos amar, o seu aproximar-Se de nós como fez o Bom Samaritano com o homem abandonado meio morto na berma da estrada (cf. Lc 10, 25-37). Aquilo que nos dá verdadeira liberdade, verdadeira salvação e verdadeira felicidade é o seu amor de compaixão, de ternura e de partilha. A pobreza de Cristo, que nos enriquece, é Ele fazer-Se carne, tomar sobre Si as nossas fraquezas, os nossos pecados, comunicando-nos a misericórdia infinita de Deus. A pobreza de Cristo é a maior riqueza: Jesus é rico de confiança ilimitada em Deus Pai, confiando-Se a Ele em todo o momento, procurando sempre e apenas a sua vontade e a sua glória. É rico como o é uma criança que se sente amada e ama os seus pais, não duvidando um momento sequer do seu amor e da sua ternura. A riqueza de Jesus é Ele ser o Filho: a sua relação única com o Pai é a prerrogativa soberana deste Messias pobre. Quando Jesus nos convida a tomar sobre nós o seu «jugo suave» (cf. Mt 11, 30), convida-nos a enriquecer-nos com esta sua «rica pobreza» e «pobre riqueza», a partilhar com Ele o seu Espírito filial e fraterno, a tornar-nos filhos no Filho, irmãos no Irmão Primogénito (cf.Rm 8, 29).

Foi dito que a única verdadeira tristeza é não ser santos (Léon Bloy); poder-se-ia dizer também que só há uma verdadeira miséria: é não viver como filhos de Deus e irmãos de Cristo.

O nosso testemunho

Poderíamos pensar que este «caminho» da pobreza fora o de Jesus, mas não o nosso: nós, que viemos depois d'Ele, podemos salvar o mundo com meios humanos adequados. Isto não é verdade. Em cada época e lugar, Deus continua a salvar os homens e o mundo por meio da pobreza de Cristo, que Se faz pobre nos Sacramentos, na Palavra e na sua Igreja, que é um povo de pobres. A riqueza de Deus não pode passar através da nossa riqueza, mas sempre e apenas através da nossa pobreza, pessoal e comunitária, animada pelo Espírito de Cristo.

À imitação do nosso Mestre, nós, cristãos, somos chamados a ver as misérias dos irmãos, a tocá-las, a ocupar-nos delas e a trabalhar concretamente para as aliviar. A miséria não coincide com a pobreza; a miséria é a pobreza sem confiança, sem solidariedade, sem esperança. Podemos distinguir três tipos de miséria: a miséria material, a miséria moral e a miséria espiritual. A miséria material é a que habitualmente designamos por pobreza e atinge todos aqueles que vivem numa condição indigna da pessoa humana: privados dos direitos fundamentais e dos bens de primeira necessidade como o alimento, a água, as condições higiénicas, o trabalho, a possibilidade de progresso e de crescimento cultural. Perante esta miséria, a Igreja oferece o seu serviço, a sua diakonia, para ir ao encontro das necessidades e curar estas chagas que deturpam o rosto da humanidade. Nos pobres e nos últimos, vemos o rosto de Cristo; amando e ajudando os pobres, amamos e servimos Cristo. O nosso compromisso orienta-se também para fazer com que cessem no mundo as violações da dignidade humana, as discriminações e os abusos, que, em muitos casos, estão na origem da miséria. Quando o poder, o luxo e o dinheiro se tornam ídolos, acabam por se antepor à exigência duma distribuição equitativa das riquezas. Portanto, é necessário que as consciências se convertam à justiça, à igualdade, à sobriedade e à partilha.

Não menos preocupante é a miséria moral, que consiste em tornar-se escravo do vício e do pecado. Quantas famílias vivem na angústia, porque algum dos seus membros – frequentemente jovem – se deixou subjugar pelo álcool, pela droga, pelo jogo, pela pornografia! Quantas pessoas perderam o sentido da vida; sem perspectivas de futuro, perderam a esperança! E quantas pessoas se vêem constrangidas a tal miséria por condições sociais injustas, por falta de trabalho que as priva da dignidade de poderem trazer o pão para casa, por falta de igualdade nos direitos à educação e à saúde. Nestes casos, a miséria moral pode-se justamente chamar um suicídio incipiente. Esta forma de miséria, que é causa também de ruína económica, anda sempre associada com a miséria espiritual, que nos atinge quando nos afastamos de Deus e recusamos o seu amor. Se julgamos não ter necessidade de Deus, que em Cristo nos dá a mão, porque nos consideramos auto-suficientes, vamos a caminho da falência. O único que verdadeiramente salva e liberta é Deus.

O Evangelho é o verdadeiro antídoto contra a miséria espiritual: o cristão é chamado a levar a todo o ambiente o anúncio libertador de que existe o perdão do mal cometido, de que Deus é maior que o nosso pecado e nos ama gratuitamente e sempre, e de que estamos feitos para a comunhão e a vida eterna. O Senhor convida-nos a sermos jubilosos anunciadores desta mensagem de misericórdia e esperança. É bom experimentar a alegria de difundir esta boa nova, partilhar o tesouro que nos foi confiado para consolar os corações dilacerados e dar esperança a tantos irmãos e irmãs imersos na escuridão. Trata-se de seguir e imitar Jesus, que foi ao encontro dos pobres e dos pecadores como o pastor à procura da ovelha perdida, e fê-lo cheio de amor. Unidos a Ele, podemos corajosamente abrir novas vias de evangelização e promoção humana.

Queridos irmãos e irmãs, possa este tempo de Quaresma encontrar a Igreja inteira pronta e solícita para testemunhar, a quantos vivem na miséria material, moral e espiritual, a mensagem evangélica, que se resume no anúncio do amor do Pai misericordioso, pronto a abraçar em Cristo toda a pessoa. E poderemos fazê-lo na medida em que estivermos configurados com Cristo, que Se fez pobre e nos enriqueceu com a sua pobreza. A Quaresma é um tempo propício para o despojamento; e far-nos-á bem questionar-nos acerca do que nos podemos privar a fim de ajudar e enriquecer a outros com a nossa pobreza. Não esqueçamos que a verdadeira pobreza dói: não seria válido um despojamento sem esta dimensão penitencial. Desconfio da esmola que não custa nem dói.

Pedimos a graça do Espírito Santo que nos permita ser «tidos por pobres, nós que enriquecemos a muitos; por nada tendo e, no entanto, tudo possuindo» (2 Cor 6, 10). Que Ele sustente estes nossos propósitos e reforce em nós a atenção e solicitude pela miséria humana, para nos tornarmos misericordiosos e agentes de misericórdia. Com estes votos, asseguro a minha oração para que cada crente e cada comunidade eclesial percorra frutuosamente o itinerário quaresmal, e peço-vos que rezeis por mim. Que o Senhor vos abençoe e Nossa Senhora vos guarde!

Vaticano, 26 de Dezembro de 2013

Festa de Santo Estêvão, diácono e protomártir



FRANCISCO