A estação deste dia reunia-se em Santa Sabina, no Aventino, o santuário que se ergue em 425 no lugar onde fora a casa desta mártir. Para humilhar o nosso orgulho e nos recordar a sentença de morte que havemos de sofrer em consequência do pecado, a Igreja coloca-nos cinzas na cabeça, ao mesmo tempo que nos diz: “Lembra-te, ó homem, que és pó e em pó te hás de tornar”.
É uma reminiscência da antiga cerimônia de que nos fala o Pontifical. Como efeito, antigamente, os fies que tinham cometido faltas graves, de notoriedade publica, deviam submeter-se à penitencia publica. Na Quarta-feira de Cinzas o Pontífice benzia os cilícios que deviam trazer durante a quaresma; enquanto o coro entoava os salmos penitenciais, eram expulsos do lugar santo. Só na Quinta-feira Santa depunham as vestes de penitencia e se lhes dava faculdade de entrar na Igreja mediante absolvição sacramental. A cerimônia da benção e imposição das cinzas, tal com a conhecemos atualmente, é um vestígio e transposição da antiga penitencia publica, tornando-se o que era na origem concernente apenas a determinada categoria de fies extensivo a todos. Recebamos pois as cinzas em espírito de penitencia e humilhação para que a virtude deste sacramental nos alcance de Deus as graças que a Igreja implora ao benzê-las. Toda a missa ressuma esse pensamento cristão de penitencia. É Deus que perdoa pela sua misericórdia e não nós. Mas Deus não nos pode salvar sem nó. E a Igreja convida-nos a empreender esta colaboração indispensável e a prosseguir com perseverança até ao fim, confiados n’Aquele que é a força e a misericórdia.
(Extraído do Missal Quotidiano e Vesperal de Dom Gaspar Lefrebvre)

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